Mensagem do Presidente

MENSAGEM DO PRESIDENTE DA COMISSÃO EXECUTIVA

O ano de 2020 ficou impactado negativamente pela pandemia do COVID-19, que forçou os países a tomarem medidas sanitárias e económicas excepcionais, levando a uma alteração significativa da atividade social e económica.  As restrições em termos de mobilidade das pessoas, o encerramento de muitos negócios foram algumas das medidas fortes tomadas para conter o nível de avanço da pandemia, mas que tiveram como efeito colateral uma importante redução da atividade económica em geral.

No caso específico do mercado santomense, onde o turismo começou a se posicionar como um dos principais setores de atividade nacional, a pandemia do COVID-19, levou à paralisação de todas as unidades hoteleiras, o que representou um duro golpe para a dinâmica da economia nacional.  

As autoridades nacionais, visando encontrar soluções para minimizar o impacto económico negativo que esta crise de origem sanitária estava a gerar, adotou algumas medidas de apoio social e económicas, sendo que algumas delas de cariz económico afetaram negativamente o setor bancário, como o caso da Norma 07/2020 (NAP 07/2020) emanada pelo Banco Central de S. Tomé e Príncipe. Com a entrada em vigor da referida norma em Maio de 2020, os bancos estiveram obrigados a conceder moratórias, sem capitalização de juros, a todos os clientes que preenchiam os requisitos descritos na referida norma. Esta norma também estipulava a redução ao custo de compra das comissões sobre venda de cheques, cartão de débito, bem como, a redução em 50% das comissões associadas ao crédito.

Assim, em 2020, para além de estarem afetadas pela redução da atividade económica, as receitas dos bancos foram, também, diretamente impactadas, de forma negativa, por esta norma.

O ano de 2020 também ficou marcado pela intervenção do BCSTP no Energy Bank, evidenciando, de certo modo, aumento de dificuldade que as instituições financeiras têm para manterem-se sólidas e rentáveis neste mercado.

Desde logo, os desafios para a gestão neste ano foram enormes, por um lado havia a urgência no rápido ajustamento do modelo operacional de forma a garantir a segurança sanitária dos colaboradores e dos clientes, e, por outro lado, encontrar formas de minimizar os impactos negativos decorrentes da pandemia e das medidas sociais e económicas tomadas, visando assegurar níveis de solvabilidade, rentabilidade e liquidez adequadas.

O Banco, com o objetivo de assegurar a continuidade de negócios neste contexto, centrou as suas ações na busca de soluções para garantir a prestação regular do serviço aos clientes.

  

 Para o efeito, foi criado um comité responsável pela elaboração do plano de contingência e pelo adequado ajustamento do mesmo à evolução da situação. Estando a continuidade de negócio intrinsecamente associada às pessoas que o executam, o foco do plano de contingência visava:  munir os colaboradores de informações e instrumentos necessários para se protegerem e protegerem os seus; criar um ambiente sanitário seguro no interior das instalações; minimizar o risco de contágio em massa reduzindo o número de pessoal nas instalações; assegurar a realização de teletrabalho observando as medidas de segurança informática necessárias.

No que diz respeito aos clientes, o Banco não só divulgou as informações sobre importantes cuidados a terem, criou um protocolo sanitário necessário para os clientes acederem às instalações, mas também, incentivou os clientes a usarem os canais eletrónicos como o meio mais rápido para acederem aos serviços do banco, nesta conjuntura.

Para minimizar o impacto nos resultados do banco decorrente desta crise, o Banco pôde contar com o seu modelo de negócio que, sustentado por uma base alargada de clientes, quer particulares quer empresas, conseguiu mostrar a sua capacidade de resiliência, permitindo que os indicadores do desempenho do banco mantivessem uma assinalável estabilidade.

Assim, o rácio solvabilidade do Banco registou um crescimento, em 2,13p.p, fixando-se em 28,51%, muito acima do mínimo regulamentar que é de 12%. O rácio de liquidez também reforçou-se em 12,68p.p, fixando-se num nível bastante confortável (58,33%), sendo 2,9 vezes acima do mínimo regulamentar, que é de 20%. O resultado líquido deste ano, apesar de ter registado uma contração na ordem de 42,68,  face a 2019, ainda assim, foi positivo, e o rácio de rendibilidade dado pelo ROE foi de 8,36%, contra um rácio do mercado que tem sido historicamente negativo.

O ativo do banco cresceu na ordem de 4,87%, assim como os depósitos de clientes que cresceram em 8,85%, evidenciando o reforço da confiança dos clientes na marca BISTP, e em tudo quanto vem realizando neste mercado ao longo da sua existência.

Os créditos, em resultado da conjuntura, conhecerem uma contração, sendo que a mesma se deveu mais à redução do crédito no segmento de empresas e instituições, ao passo que o crédito aos particulares conheceu uma ligeira redução de -0,2%, evidenciando a grande estabilidade deste segmento.

Apesar do resultado em 2020, não ter superado o de 2019, muito justificado pela difícil conjuntura que marcou este exercício económico de 2020, é de enaltecer uma vez mais o contributo sem igual de todos os colaboradores do banco que têm permitido ao Banco, mesmo em condições adversas, manter um desempenho positivo.

 

 Perspetivas e compromissos para 2021

O ano de 2021, certamente, irá ficar também muito marcado pela pandemia de COVID-19, à imagem de 2020, apesar do início da vacinação.

Dispondo de uma estrutura económica muito pouco diversificada, com baixo nível de arrecadação de receitas fiscais, com fornecimento irregular de energia e de fonte economicamente insustentável,  desequilíbrio da balança de pagamentos e escassez de divisas, o País poderá ter ainda mais dificuldades em 2021, em relação a 2020, caso não haja uma importante intervenção dos parceiros no provimento de recursos financeiros indispensáveis à manutenção da atividade económica do país, em particular neste contexto.

Para o setor bancário, na sua desejada missão de apoiar a economia e promover o desenvolvimento económico e social, as prioridades continuam a ser a melhoria da qualidade dos serviços financeiros, a diversificação dos produtos e serviços, a obtenção de níveis razoáveis de rendibilidade, solvência e de riscos, de forma a melhorar a resiliência aos choques internos e externos.

Com o prolongamento da moratória, apesar desta vez ser menos global em termos de entidades elegíveis para beneficiar da mesma, os bancos viram as suas receitas serem uma vez mais diminuídas, agravando assim a já frágil situação de rendibilidade do setor bancário.

Contudo, não obstante maiores dificuldades esperadas para o ano de 2021, decorrentes dos efeitos da pandemia do COVID-19 e dos problemas estruturais da economia de S. Tomé e Príncipe, o BISTP renova o seu compromisso de continuar a contribuir para o crescimento social e económico do País.

 A gestão do Banco continuará a manter o atual modelo de governo, com foco nos princípios e nos valores que norteiam o BISTP, apostando na “Excelência” e desenvolvimento da sua atividade e no dinamismo comercial como estratégia para melhor servir os seus Clientes, mantendo uma prudente cultura de risco que conduza ao seu efetivo criterioso controlo, e, racionalização para um eficaz controlo dos custos, para assim atingir os objetivos de crescimento, rendibilidade, solidez e liquidez.

Assim, para 2021 manteremos o nosso foco na garantia da segurança dos nossos Colaboradores e dos nossos Clientes, ajustando o nosso Plano de Contingência, em função da evolução da situação da pandemia, e, na busca de aumento do volume de negócio, através das seguintes ações:  

  • Dinamizar o bom crédito a particulares e empresas;
  • Diversificar e melhorar a repartição de risco;
  • Dinamizar a atividade de recuperação do crédito em atraso/incumprimento;
  • Aumentar a pró-atividade e dinamização comercial de modo a alcançar objetivos fixados por unidade de negócio;
  • Aumentar o número de clientes, nomeadamente através da obtenção de uma maior taxa de bancarização da população;
  • Continuar a intensificação no reforço da segurança do sistema informático e da banca eletrónica;
  • Apostar nas novas tecnologias e nos meios digitais;
  • Melhorar o controlo e racionalização dos custos;
  • Reforçar as áreas de controlo interno;
  • Criar Valor e apresentar Resultados a cada trimestre.

 Em nome da Administração terminamos deixando os nossos sinceros agradecimentos aos Clientes, Colaboradores, Acionistas, que são a razão da existência do BISTP, e, que em situações desafiantes e adversas, têm contribuído para que o Banco siga cumprindo a missão para a qual foi criado, que é a geração de valor para todos os seus stakeholders.

Por isso é que do nosso lado faremos o nosso melhor para que o BISTP, “desde sempre - para sempre”, continue merecendo a confiança dos Clientes, dispondo de uma sólida situação financeira e permitindo que os nossos Colaboradores possam realizar os seus sonhos profissionais.

 

Protejam-se e bem hajam.

Eng. Miguel Malheiro Reymão

Presidente da Comissão Executiva